Incendeia

Arte do maravilhoso Andrezinho

Reconhecer. 
Conhecer duas vezes. 
De fora para dentro
De dentro para fora.
Afinar sentidos
Se reapresentar si mesmo
Pelos olhos dos outros
Ou pelo próprio reflexo

Qual a diferença?
Espelho. Espaço. Escuta.
O coelho branco já não está mais atrasado.
O balão azul fixou morada.
Ah! Se não é bem assim no país das maravilhas!

E em meio a tanta água e ar
a terra se apresenta
Formando a trilha para a catarse
Catártico. Fogo.
Let’s burn!

Conhecer de novo o começo.
Reconhecer o recomeço.
Limpa, fogo, limpa.
Abre alas para o sonho

Fecha o olho e conecta de novo. Reconecta.
Fecha o olho e imagina de novo. Reimagina.
Fecha o olho e sonha tudo aquilo que só quem tem Alice em si é capaz de sonhar.
E agrupa. Regrupa. Força e reforça.

Que sonho é faísca.
Realidade é fogueira.
Impacto é incêndio.
Incendeia.

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Aya poder!

Acessar o imenso poder que existe dentro de si
Abrir as janelas – e portas
Arrancar o teto
Colocar-se vulnerável
Abraçar o desconhecido
E encarar de frente o conhecido
Haja poder!
Serpente serpenteia, se esconde entre memórias,
Surge entre emoções
Desperta cada sentido
Que poder é esse?
Acordado pela medicina ancestral
Que acessava e trilhava esses caminhos ainda antes que fossem caminhos
Poder que abre a mente, coração e emoção
Põe para fora o que esperneava para sair
E enche!
De amor
O corpor, o meio, a alma
Haja poder! Aya poder!

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Sound Healing – A dança das águas

Já tem um tempo que descobri que a única solução para minhas noites de insônia, é colocar uma “frequência para dormir rapidamente” bem baixinho na mesa de cabeceira. Se você não sabe o que isso significa, pega o Spotify, ou mesmo o YouTube, e escreve aí: música/frequência para dormir.

Existe uma infinidade de opções. São músicas, sons ou tons, ou tudo misturado, que exercem uma reação muito direta no nosso físico, no meu exemplo, fazendo com que eu adormeça rapidamente.

Talvez o fato de eu já ter experimentado o poder do som tenha me deixado ainda mais intrigada e curiosa para conhecer e experimentar na pele a sessão de Sound Healing (cura pelo som) oferecida pelo queridíssimo Caio Passi, na incrível bolha energética que é a Azulosa (@aazulosa).

A experiência de entrar na Azulosa, por si só, já é mágica. Ela tem um esquema sonoro que amplifica sons dependendo da posição em que estamos em relação ao emissor. É como se alguém estivesse falando no microfone, ainda que a três passos da gente. O formato de oca, não apenas pesca do inconsciente lembranças ancestrais, mas nos convida a nos perder. Ao entrar, não sabemos o que é frente, costas, lado. Perdemos a referência geográfica e isso nos motiva a rasgar os mapas internos e nos permitir descobrir novos caminhos. Afinal, se o Gato de Cheshire já dizia que se você não sabe o caminho, qualquer caminho serve, é porque qualquer caminhada pode ser tão bela quanto a que havíamos planejado em nossas próprias incertezas.

Uma conversa terapêutica inicia o movimento. Ali já trazemos o tácito e o etéreo que nos circunda e afeta. Uma carta se apresenta. E dali, traçamos uma direção. Bem no centro da Azulosa, uma mesa de madeira – ao menos à primeira vista. É nessa mesa que sou convidada a deitar, mas agora com a consciência de que ela é um instrumento da sessão que está para começar.

A mesa, vim a saber mais tarde, é conhecida como Mesa Lira, uma caixa de ressonância com cordas tensionadas como se fosse um grande violão. Ela ajuda na vibração que os sons terão em nosso corpo e, ao mesmo tempo, também produz som próprio. Ali deitada recebi um tapa olho e logo na sequência o aroma delicioso de algo cítrico, como laranja ou bergamota. O relaxamento começou.

Mas a partir de então, já não se pode explicar. Um conjunto de sons, melodias e percussão que mexem com a gente em diversos aspectos. E mexe porque somos feitos de água e a água propaga o som mais rapidamente do que o ar. Pensa no poder disso tudo! Não é à toa que algumas músicas nos fazem chorar, enquanto outras nos convidam a balançar os quadris. O Sound Healing trabalha os campos físico, mental e espiritual de forma profunda e intensa. Só se pode sentir, não se pode explicar.

E nossas águas dançam. E como dançam! Vibram para lá e para cá, percorrendo cada cantinho do nosso corpo físico e acendendo todo o nosso sistema sensorial. Aos poucos, o corpo se entrega e tudo vira experiência. A mente, sempre atenta, se esforça para desvendar o que está acontecendo. E logo as mensagens chegam, bem claras, cada uma em sua linguagem, dizendo em alto e bom som por onde está o nosso próprio caminho de cura.

Ao final, outra carta, dessa vez mostrando o que nos segura, o que precisa ser trabalhado agora. Mais uma conversa (não sem antes dar uma passadinha no banheiro, porque essa dança das águas acabou por encher rapidamente a minha bexiga) e um abraço final para selar aquele encontro energético de acolhimento e cura.

Alguns dias se passaram desde a minha sessão. O som ainda vibra, as mensagens ainda reverberam. A caixa acústica que é meu próprio corpo, agora entende ainda melhor o seu poder como instrumento de vida do meu ser. E desde então, a cada noite, um novo sonho se apresenta. Vívidos e claros como as águas cristalinas, mostrando que o mesmo som que faz dormir, é capaz de despertar memórias e criar histórias fantásticas. Gratidão pra caralho!

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E assim foi!

Eu não falarei mais da perna depois de hoje. Prometo. Que perna, afinal de contas? Nem lembro que quebrei!

Mas preciso marcar aqui nesse feed a graduação do taekwondo. Dia 12 de dezembro de 2022. Minha primeira faixa colorida. E sim, com a perna em recuperação. Não só pela troca de faixa, mas pela meta atingida na força do “tão duvidando de mim”.

No dia 22 de novembro, o ortopedista disse que não falaria sobre taekwondo comigo antes de 45 dias (6 de janeiro!). Disse ainda que eu demoraria duas semanas para caminhar sem muletas (6 de dezembro!). E todos os indícios eram de que, claro, a graduação do dia 12 estaria fora de cogitação.

Pois bem. A primeira sessão de físio foi dia 23 de novembro. Caminhei com apenas uma muleta no dia 24. Caminhei sem muletas no dia 25. Retomei o pilates como reforço no dia 29. E o taekwondo no dia 1 de dezembro. Foram 9 dias desde a retirada da bota e aquele sentimento de “tenho minha vida de volta”. Ou quase.

Dia 12 de dezembro. Uma segunda-feira. Ninguém faz evento em segundas-feiras. Mas eis que ficamos sabendo que a apresentação de final de ano do Rafa, a primeira da vidinha dele, seria, vejam só, no mesmo dia e horário. Eu estaria sozinha. O que nunca foi um problema, mas né, era um momento especial.

Aí entra a família expandida. Aquelas pessoas que a gente escolhe ter na vida da gente. Paula, Véio e Martina estariam lá. No final de semana Titi e eu treinamos como seria para ela botar a faixa nova na Didi (confiança que fala?). Ela adorou a ideia.

E assim foi! Não consegui fazer todos os movimentos e golpes. Não consegui correr, nem saltar. Mas fiz o possível. Estava cercada de amor e carinho. E foi lindo e ainda mais especial.

Se doeu? Claro! Mas doeria mais não ter participado. Agora é seguir com a reabilitação porque ano que vem tem a volta pro vôlei. E se eu já era meio maluca (aqui não cai bola!) antes, agora vou chegar cheia de vontade. Me aguardem.


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Recomeçando

“Tem fratura. Quer ver?” Assim recebi a notícia nada prevista de que havia quebrado a perna. Mais especificamente a fíbula, aquele osso mais fino que acompanha a tíbia. A boa notícia, ainda que provisória, era de que o osso não havia se deslocado e, portanto, eu não teria que passar por cirurgia. A má: seis semanas sem encostar o pé no chão.

Era 11 de outubro, um dia antes do dia das crianças, 15 dias antes do meu aniversário. Saí direto do taekwondo para o ambulatório. 

Você há de concordar comigo que dizer que quebrei a perna no taekwondo rende um certo status! Os amigos brincavam: “imagino como ficou o adversário”. Eles só não sabiam que eu não havia perdido para ninguém além de mim mesma e de uma pilha de almofadas.

O exercício era simples. Correr e executar um chute saltando por cima da pilha. Conforme eu ia passando, o obstáculo ia aumentando.

Já não me lembro a altura que estava quando entendi que não a venceria. Mas lembro bem de ter dito: “O que pode dar errado, afinal? Eu vou cair por cima de almofadas!”. 

Bem, algo deu errado.
Eu extrapolando limites! Alguém se surpreende?

Não imaginei que tinha quebrado. Uma torção leve, talvez. No outro pé, um corte que até hoje não sei como aconteceu. Estava claro que precisaria de pontos ali. E foi só pelo corte que senti a necessidade de ir direto – ou semi direto – buscar assistência médica. Digo semi direto porque no meio do caminho, passei em casa e lavei os pés. Com pontos, aquele pé não seria lavado por uns dias e, todos sabemos, sou limpinha. Botei um chinelo, peguei o carro, e fui. Se você ainda não entendeu, sim, eu fui para o médico dirigindo com a perna quebrada.

Quando avisei que aguardava o resultado do raio-X, a Nana, a sister, foi ao meu encontro. Ela estava entendendo a gravidade da situação. Eu não! Saí de lá com quatro pontos num pé, gesso no outro, e uma muleta em cada mão.

Foi bem difícil aceitar o processo logo de cara. Seis semanas é muito tempo! Andar de muletas é muito difícil! Eu não conseguia carregar nada de um lugar para o outro. Nem pegar nada que eu quisesse. Eu tinha sede e a água tava longe. Eu tinha fome, mas como preparar comida? A perna direita, com pontos no pé, latejava. Era tudo o que eu tinha como sustentação. Os músculos ardiam. Tomar banho exigia todo um ritual… É um início bem desesperador. 

Aos poucos, a gente vai se adaptando. Depois de um belo tombo de muletas na volta do banheiro na madrugada (optei por cair para não apoiar o pé no chão, vejam só que disciplinada!), Paula e Véio, compadres e físios maravilhosos, me ofereceram um andador articulado. Quem vê diz: “nossa, parece de vovô!”. Parece mesmo, mas eu amo! Sou vovó, e daí?

O andador me deu liberdade, estabilidade e me ajudou a descobrir que, arrastando sobre um móvel de cada vez, eu conseguia trazer coisas da cozinha até o escritório. Ou da cozinha até a mesa de jantar. Ou da cozinha até o sofá! O novo projeto da minha casa estava se mostrando ultra funcional para esse novo momento (quem diria, hein Jóice?). 

A primeira semana passou rápido, a segunda também (ainda que em processo de desaceleração do tempo). Mas a partir daí, foi só ladeira abaixo.

Eu sou uma pessoa positiva. Sempre! Aprendi a enxergar o mundo sob diferentes perspectivas. Eu tinha apoio, assistência. Tinha conforto, família, cuidado. Tinha amigos prestativos (foram muitos os que ofereceram ajuda). Nos raros momentos em que saí de casa, recebi muito carinho de estranhos que se ofereciam para ajudar (confesso que fiquei surpresa). E mais do que tudo, meu sofrimento teria um fim. Eu tinha uma data. Eu via uma luz no fim do túnel. Nem todo mundo tinha esse privilégio. Que motivos, então, tinha eu para ficar triste?

Até que a ficha caiu. Havia uma perspectiva que eu não estava considerando. A minha! A perspectiva de uma mulher saudável e ativa que, de uma hora para outra, teve seu processo interrompido. Uma pessoa cheia de planos a quem tinha sido imposto um obstáculo. Dos grandes! E essa perspectiva era tão válida quanto todas as outras. Me permiti aqui a tristeza.

Eu tentava me convencer de que o dia 22 de novembro estava logo ali, mas o calendário me dizia o contrário! O que fazer quando o corpo não tá funcional? Usar a mente! Para variar, me joguei no trabalho e, como se uma perna quebrada não tivesse sido suficiente para me parar, veio uma virose pré aniversário. Se você nunca teve uma virose com uma perna quebrada, você não sabe o que é diversão. Que bom que existe terapia, né Betina?

Meu humor oscilava. Primeiro diariamente, depois em turnos. No final (hoje!), já de minuto em minuto. Os amigos ajudavam. Serginho, sempre perguntando como eu estava, me passou exercícios para fortalecer a coxa e deixá-la preparada para a volta do caminhar. Tatá, minha veterinária preferida e amiga de momentos de estrupiamento, me ofereceu drogas – lícitas – para o caso de eu sentir dor. Não precisou! A Mila, além de me emprestar a bota imobilizadora dela para que eu pudesse lavar a minha, ainda fez serviço de Uber Black, me trazendo em casa e me deixando dentro do elevador! A família eu não preciso nem dizer. Se não fossem eles, tava jogada num cantinho em posição fetal. A mãe fez comida, alimentou a Stella, limpou a casa, molhou as plantas. A Nana me carregou para todo o lado, até de cadeira de rodas. O cunhado, que por azar dele é meu vizinho e também trabalha de casa, foi o mais afetado. “Meu serviente!”, como ele mesmo diz. Se não fosse por ele, as coisas teriam sido bem difíceis por aqui.

Senhor Augusto me mandou vídeos com conteúdos do taekwondo, o que me ajudou a manter a esperança de que eu não fosse perder todo um ciclo. Assisti cada um deles mil vezes. Repliquei os movimentos, mesmo sentada no sofá. Depois de joelhos num pufe. Depois de pé mesmo, sem apoiar um pé no chão. “Hoje eu tô ousada”, foi o que eu mandei pra ele junto com meus vídeos desequilibrados.

Aos poucos, fui ousando mais. Retomei a drenagem, com foco na perna, e o laser milagroso da Cris (quando ela disse que era cicatrizante, pedi que fizesse por todos os lados!). Botei um apoio na cozinha e fiz almoços bem gostosos. Assim que tirei o gesso, dei um jeito de tomar banho sozinha e pude retomar a rotina de pelo menos dois por dia. Na consulta da segunda semana, já larguei um: “doutor, o que é que eu posso fazer? Posso alongar? Posso fazer flexão, abdominal, movimentar o tornozelo?”. A evolução é lenta, mas ela vem.

É tanto aprendizado que não consigo nem listar. Uma mistura de sentimentos, notas mentais e magia. Confia no processo. Surrender. Aprenda a pedir ajuda. Molhe as plantas. Tenha paciência. Respeite seus limites. Pega o saco de gelo. Descanse. Fortaleça os músculos…

Mas o dia 22 finalmente chegou. Não menos angustiante do que todos os outros que o antecederam. O que diria o raio-x? O que acontece daqui para a frente? Quando vi a imagem, me assustei. A fratura ainda estava bem evidente. Mas o que sei eu sobre isso?

Bem, o osso tá consolidando (assim mesmo, verbo no presente contínuo. Mas não pude sair correndo do consultório. As muletas ainda me acompanharão por uns dias. Mas o pé já pode pisar no chão. Mas a fase mudou. Vencemos o chefão e subimos de nível. O vôlei vai ter que esperar mais um tempo para minha reestréia, o taekwondo deve retornar antes, ainda que bem de leve. Também vai ter caminhada na praia e toda uma vida pra que eu continue ousando, caindo, levantando e aprendendo. Afinal, que graça teria se não fosse assim?


Meu carinho e meu amor a todos que acompanharam e ainda acompanham esse processo. Vocês são especiais. A peleia segue, mas vai acabar!

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Quatro semanas!

Hoje faz exatamente quatro semanas que quebrei a perna. O que isso significa? Na verdade eu pouco sei. Mas existe uma expectativa de que, em breve, eu comece a retomar a vida normal. Aos poucos.

Na verdade, aos poucos é um problema! Porque custo a acreditar que seria uma retomada lenta! Mas tento me convencer disso, afinal, é na perna. Tem um corpo inteiro que ela precisa sustentar!

Quatro semanas! Até a terceira, parece que passou rápido! Mas conforme a data final – será? – se aproxima, a ansiedade vai aumentando. Surgem muitos “e ses”. Muitas dúvidas, muitas angústias! Vou perder todo um ciclo do taekwondo, se não mais. O vôlei eu já imaginava, só mesmo no ano que vem. E eu, que havia retomado a atividade física com tanto gosto, volto a estaca zero.

Resiliência e resignação nunca estiveram tão próximas.

Eu brinco, quando me perguntam, que me sinto “bad ass” dizendo que quebrei no taekwondo. Só não conto que foi caindo sobre almofadas. “O que pode dar errado?”, eu perguntei antes de saltar. Na vida, tudo pode dar errado. Um acidente que parecia que precisava acontecer. Aquele nó visceral de quando a gente sabe que tem alguma coisa estranha no ar.

Mas como saber? Como evitar? Difícil! Quando é para acontecer, acontece!

Hoje tem eclipse lunar. Um eclipse de finalizações que afeta principalmente taurinos e escorpianos. Vejam só! É um momento de encerrar traumas passados, não de co-criar futuros. Mas eu tô aqui, como sempre, vivendo a ansiedade de quem insiste em ter excesso de futuro no presente.

Confia no processo! Que frase poderosa essa! Já virou meu mantra. Deveria ser meu mantra sempre. Talvez me ajudasse e respeitar limites com mais frequência. Mas não, eu insisto em esperar pela dor para aprender. Então não me resta outra alternativa: confia no processo!

Tem muito mais coisas em torno de uma perna quebrada do que a simples consolidação do osso! Tem contexto, tem adaptação, tem aprendizado, tem empatia – muita empatia – tem paciência – muito pouca paciência! Surrender! Se renda ao tempo. Ao meu tempo, ao tempo do outro, ao tempo do universo. Respeita o processo. Confia no processo.

Estar com a perna quebrada me ensinou muita coisa. A primeira, e mais fundamental, além de ser uma das mais desafiadoras para mim, é a pedir ajuda. Não tem jeito! O outro se faz necessário! E tenho a sorte e a alegria de ter quem me acuda de bom grado, com amor! Também aprendi que nenhuma dificuldade é incortornável. A gente se adapta às mais difíceis situações. Dá um jeito!

Talvez nenhum aprendizado tenha sido tão grande quanto o da empatia. Me perceber na dificuldade do outro traz outra perspectiva para a vida. Mas aprendi também que, mesmo colocando as coisas em perspectiva e percebendo o quão privilegiada sou, é muito importante abraçar a minha própria. Me permitir sentir, me permitir transbordar. Tem dias que a tristeza toma conta. Faz parte (do processo).

E, como não poderia ser diferente, aprendi que não dá pra compensar uma parada física com uma maratona mental. Nem um, nem outro, cruza a linha de chegada. Pausa é pausa. Universo pedindo. Respeita!

Não dá para acelerar o tempo. Dá para aproveitar o tempo! É hora de focar no que posso fazer, não no que não posso! Hora de viver esse presente, por mais que ele seja diferente daquilo que planejei. Hora de aprender, observar e se divertir. Que seja contando sobre o ataque das almofadas faixas preta, ou caindo tombos de muletas por aí. Paciência não é qualidade, é exercício. Tem que praticar todos os dias para fortalecer a musculatura!

A vida logo volta ao normal. De uma forma ou de outra. Mas volta diferente. Tem um calo ósseo se formando na perna, mas que representa muito mais do que apenas o tangível. Ele consolida uma nova vivência, novas emoções, novas experiências. Sou maior do que era quatro semanas atrás. Disso eu tenho certeza.

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Poema sem rima

Sol que ilumina
queima e arde
pra mostrar que de tudo
é nosso dever extrair o que nos cabe

Sol que é vida
Vida que é energia
Energia que flui
Fluidez que passa

O sol também passa
Mas volta
Resiliente que só ele
Todo dia, ainda que nem seja visto

E se contenta em não ser visto
Não deixa de fazer seu show pela falta da plateia
Porque mesmo através das nuvens,
seus raios trazem luz

E se esse poema não rima,
não é por culpa dele
mas por causa dele
que é tão ele, que assim se basta

Brilha alto, sol
mostre que sempre há lugar
para quem busca iluminar caminhos
porque estamos precisando dessa claridade

Nos dê clareza, sol
clareza nas ideias, no coração e nas mãos
porque não basta saber, nem basta sentir
já passou da hora de agir

Chega mais, sol
nos abrace em seus raios e nos carregue no colo,
se apesar dos seus esforços,
ainda tenhamos dificuldade de enxergar

Sol que ilumina
queima e arde
pra mostrar que de tudo
é nosso dever extrair o que nos cabe

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O que te tira o sono? O que te faz sonhar?

O que te tira o sono?
O que te faz sonhar?

A noite interrompida
pelo excesso de dia
que não deu conta de si mesmo

O inacabado bate à porta
O problema canta
A imaginação se encanta
E o sono voa

Não permiti essa invasão
Senhor Sono, não se vá
Bata suas asas de volta para a casa

A insônia é o alarme de quem sente
a dor, a falta
a urgência da mudança

Que transformação sonho eu?
Como sonhar com todo esse barulho?
O zumbido irônico no ouvido
e só quero paz

Precisamos de sonhos
do tipo bom – pesadelos não faltam
para enxergar o norte
e traçar a rota

Precisamos de sonhos para tangibilizar o sentimento
curar as dores
suprir as faltas
interromper a ciranda de problemas que insiste em rodar

Que dança!
O sono que vem e que vai
O sonho que expande e cai

O que te tira o sono?
O que te faz sonhar?

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Fim

Quanto prazer eu tenho na finitude.
Deve ter um quê escorpiano nisso.
Um gosto pela morte, sabe?
Não a minha – nem a de ninguém.
Me refiro às coisas, mesmo!

Eu gosto muito do fim.
Tanto que inicio um livro e corro logo para ler o último capítulo.
Tem gente que chama de spoiler.
Eu chamo de correr pro abraço!

Na real eu sou bem crítica.
E saber o final me permite criticar todo o processo.
É o sadomasoquismo da vida real.
Nada a ver com fetiches.
É coisa de neura mesmo.

Ou não.
Por que chamar de neura algo tão bom?
O fim!
Acabou. A-ca-bou.
É orgásmico!

O fim abre espaço pro novo.
Novo ciclo (quem não gosta de um clichê?).
Novo projeto.
Nova relação.
A antecipação do desconhecido.
As borboletas na barriga.
Ah! O início é bom também.

Mas nem se compara ao fim.
O fim incita a transmutação.
Faz do novo diferente.
Dá bagagem.
Consolida repertório.

O fim finda.
Brinda.
Brindemos!

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Palavras que não chegam

Quando a mensagem vem
mas as palavras não chegam
deixe-as ir

Deixe andar os pensamentos
permita correr as ideias
e deixe que a escrita tente acompanhar

Às vezes falta fôlego para alcançar
e as pernas desistem de tentar
mas a mensagem está no ar
precisa tangibilizar

Ou não!
O texto quer nascer
mas ainda estamos na gestação

E tem a expectativa
Essa coisa de esperar de forma ativa
por um resultado que não controlamos

“Pense em magia, não em maestria”
É o que diz a Júlia
Na prática, vem tudo incorporado na cria

Mil palavras já passaram por aqui
mas poucas quiseram ficar
deixe-as ir

Quando for hora de expressar
O que visceralmente nos tocar
Elas hão de chegar.

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